sábado, 24 de fevereiro de 2018

Índios Kiriri e Tuxá

Aldeia Kiriri

Igreja construída por Jesuítas em 1701

No início do século XVIII, os Kiriri receberam em doação do rei de Portugal uma légua em quadra (12.320 hectares em formato octogonal) de terras ao redor da aldeia de Saco dos Morcegos, fundada pelos Jesuítas em 1656 (atualmente Mirandela), a qual tornou-se Vila somente na segunda metade do século XIX. 

Região de clima semiárido, relevo irregular, cursos d’água intermitentes, em faixa de transição entre o agreste e a caatinga marcada por acentuada devastação da vegetação nativa e acelerado processo de erosão em decorrência de séculos de exploração econômica intensiva (atropinização) e processos pedogenéticos.

A economia Kiriri caracteriza-se pela agricultura de subsistência (mandioca, feijão e milho) e da coleta de frutos silvestres e mel. O excedente é comercializado no mercado regional. Também produzem um rico artesanato em cerâmica e trançados (principalmente da palmeira licuri).

Em 1983, a população da Terra Indígena Kiriri era de 1.800 indígenas, e atualmente, segundo o último Censo do IBGE (2022), são 2.544 indígenas.

Os núcleos tradicionais de ocupação kiriri - Sacão, Baixa da Cangalha, Cantagalo, Lagoa Grande, Cacimba Seca - foram substituídos pelos povoados antes ocupados por regionais: Mirandela, Gado Velhaco, Marcação, Araçá, Pau Ferro, Segredo, Baixa do Camamu, Baixa da Cangalha ("Biombo").

O Governo Federal reconheceu as terras do aldeamento como ocupação tradicional e indígena em 1990, sendo a demarcação finalmente homologada através do Decreto Presidencial nº 98.828 de 15 de janeiro daquele ano.

Cronologia 

1979 - Organização de uma roça comunitária na Baixa da Catuaba, situada ao sul do Território indígena, na estrada que liga o povoado de Mirandela ao município de Ribeira do Pombal, caracterizada por forte incidência de ocupações de regionais. 

1981 - Demarcação da Terra Indígena Kiriri, com 12.320 ha. 

1982 - Ocupação da Picos, localizada no núcleo Lagoa Grande, maior fazenda no interior do território kiriri, tida por posseiros e fazendeiros como baluarte na ocupação das terras indígenas. Seu pretenso proprietário, Artur Miranda, era apoiado por políticos da região e considerado pelos índios como o seu mais crucial inimigo. 

1985 - Ocupação de uma fazenda de 700 ha. no núcleo Baixa da Cangalha. 

1986 - Os Kiriri interditam importante estrada de acesso de Mirandela ao povoado de Marcação, retirando todas as posses e roças de regionais ali localizadas. 

1987 - A FUNAI indeniza e o INCRA reassenta 37 famílias de não índios incidentes no território kiriri, nas fazendas Taboa e Serrinha, situadas no município de Quijingue. 

1989 - 85% do território kiriri passa a compor o município de Banzaê, desmembrado de Ribeira do Pombal, em uma manobra política com o intento de "livrar" esse último município da presença indígena. Mirandela havia sido estrategicamente escolhida como sede do novo município. Todavia, mediante injunções na Assembleia Legislativa, em Salvador, os Kiriri conseguem obstar que a nova sede se situe nos limites da Terra Indígena. 

1989 - Cerca de 50 famílias kiriri acampam nas cercanias de Mirandela, após terem suas moradias parcialmente destruídas por uma enchente. Mantêm-se permanentemente no local que se constituía, até 1995, em um núcleo de resistência e pressão frente aos não índios então ocupantes de Mirandela. 

1990 - A Terra Indígena Kiriri tem a sua demarcação administrativa homologada através do Decreto nº 98.828, de 15 de janeiro, sendo posteriormente realizada a regularização imobiliária - Reg. CI mat. 2969, livro 2m, f. 83, em 23 de março daquele mesmo ano. 

1991 - A FUNAI indeniza algumas casas habitadas por não índios em Mirandela e famílias kiriri as ocupam. 

1995 - Os Kiriri ocupam Mirandela, retirando todos os não índios ali incidentes. 

1996 - Os Kiriri ocupam o povoado Gado Velhaco, situado a 2,5 Km de Mirandela 

1997 - Os não índios desocupam o povoado Baixa da Cangalha. 

1998 - Os Kiriri ocupam os povoados de Marcação, Araçá, Segredo e Pau Ferro, retirando as últimas famílias de não índios residentes na Terra Indígena. 

Aldeia Tuxá



Com cerca de 65 famílias, a Aldeia Tuxá foi constituída no município numa área de 414 hectares entre o Povoado Salgado e a Fazenda Sítio, eles vivem basicamente da agricultura familiar e o artesanato também é destaque na tribo.

Eles chegaram em Banzaê vindos do município de Rodelas/BA onde a primeira reserva da Tribo foi reconhecida no ano de 1945. O nome Tuxá originou-se de um grande guerreiro chamado João Gomes Apaco Caramuru Tuxá Contatados.


As referências desta publicação foram retiradas dos portais Índios On LinePortal Kiriri, Povos Indígenas no Brasil e História e Cultura Tuxá e as Fotos: ASCOM Funai.


 Pesquisado por: Bruno Matos Cezar

Um comentário:

  1. Achei lindo a sua disposição para contar sobre a sua cidade. Deve ser emocionante conviver com uma tribo indígena. Invejo você!

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